Lendo o livro “Vivendo com Propósitos” de Ed René Kivitz, me deparei com um pequeno trecho muito significativo, o autor descortina o sentido da palavra felicidade de forma tão simples por vezes longe do que compreendemos o que é ser feliz…Bem quero compartilhar com vocês…Ser feliz é desfrutar cada momento, o presente, aquilo que Deus tem colocado em suas mãos no aqui agora, se não o fizermos, nunca estaremos satisfeitos, nunca será bom o suficiente, a vida passará e nos arrependeremos de não termos vivido cada minuto dela! Reflitam...
"É quase impossível encontrar uma definição completa e definitiva para a felicidade, mas é fato que, qualquer que seja sua definição, estará associada aos estados de espírito com os quais atravessamos a vida. Podemos, inclusive, alongar a discussão a respeito da distinção entre ser feliz, estar feliz e sentir–se feliz, e sobre como a felicidade é diferente da alegria, que, por sua vez, é diferente da euforia. Mas isso é complicar demais a coisa. O fato é que, se você é feliz, então se sente feliz, e se você está feliz, também se sente feliz, e esse sentimento de felicidade é, necessariamente, um estado de espírito, que pode ser duradouro, razoavelmente comum ou eventual. Nesse caso, prefiro simplificar um pouco mais e trocar a palavra "felicidade" por "contentamento", que defino como a capacidade de estar satisfeito (de adaptar–se) em qualquer situação. Esse tipo de contentamento não se explica pelas circunstâncias favoráveis e ou confortáveis, mas sim pela capacidade de exercer domínio sobre o estado de espírito de tal maneira que os fatores externos que o abalam sejam em número cada vez menor.
Contentamento é uma satisfação de dentro para fora. Vicente de Carvalho traduziu muito bem essa experiência do contentamento quando disse que a felicidade, essa árvore frondosa e cheia de frutos, existe sim, mas existe no lugar em que a plantamos, e o problema é que quase nunca a plantamos no lugar onde estamos. A expressão mais comum para os infelizes é que serão felizes "assim que...". Assim que arrumarem um emprego novo; um romance novo; um carro novo; uma casa nova; um chefe novo; e tanto mais, cada vez mais.
Esse estilo de vida "assim que..." coloca a felicidade no futuro e perpetua o descontentamento, que impede a alegria de desfrutar o presente, as pessoas que temos em volta, as circunstâncias reais e imediatas que nos oferecem possibilidades de realização. A palavra contentamento deriva do latim contentu ("contido") e sugere a ideia de conteúdo. Nesse caso, contente é aquele que tem conteúdo em si mesmo ou que é capaz de usufruir o conteúdo da realidade na qual está inserido. Em outras palavras, em qualquer lugar, em qualquer companhia, i em qualquer circunstância existe possibilidade de contentamento, mas somente para aqueles que sabem explorar sua riqueza interior, ou as potencialidades do momento, ou ambas.
Um momento de contentamento é aquele em que tudo parece certo: não há necessidade de mudar o que você está fazendo, nem a pessoa com quem você está, nem o lugar onde você se encontra. É comum ouvir–se que a felicidade é estar numa ilha paradisíaca em companhia da mulher, ou do homem, de minha vida. Mas suspeito que seja uma afirmação extremamente absurda. Isso seria ótimo por alguns dias, mas logo se tornaria entediante, monótono, vazio. Há outras dimensões da vida a experimentar além da paixão alucinante, outras potencialidades do ser a realizar além da capacidade do amor romântico. Ruth Rocha tem um livro "infantil" chamado Uma estória meio ao contrário, que inicia com o beijo do príncipe na princesa, e a frase: "E foram felizes para sempre". Na outra página, a história segue com a expressão: "E era muito chato". De fato, a ideia de paraíso sem labor e só lazer é insuportável. Um Deus criativo jamais criaria um ser estéril, muito menos chamaria de paraíso um lugar povoado de parasitas.
Como disse Gilberto Gil, "o melhor lugar do mundo é aqui e agora". Não sei, nem quero saber, qual era o lugar e o momento aos quais o poeta se referia, pois creio que a vida é cheia de "lugares" e de "agoras". E a felicidade implica a possibilidade de, esteja onde estiver, com quem estiver, não importa o que esteja fazendo, dizer: o melhor lugar do mundo é aqui e agora. Como disse Viktor Frankl, psicanalista vienense:
A realidade sempre se apresenta na forma de uma particular situação concreta e, uma vez que cada situação de vida é irrepetível, segue–se que o sentido de uma dada situação é único. Os significados dos momentos que são únicos são objetos da descoberta pessoal. Eles devem ser procurados e encontrados por cada um. Desde que a situação é sempre única, com um sentido que é também necessariamente único, segue–se que a possibilidade de fazer qualquer coisa em relação à situação é também única, porque é transitória. Ela possui uma qualidade, um kairós, isto é, se não aproveitarmos a oportunidade de dinamizar o sentido intrínseco e como que mergulhado na situação, o sentido passará e irá embora para sempre.6
Por essa razão, a felicidade é muito mais um jeito de ir do que um lugar aonde se chega. O ditado chinês ensina que "os caminhos existem para jornadas e não para destinos". Exatamente por isso Jesus de Nazaré recomendou a seus discípulos que não se inquietassem quanto ao dia de amanhã, nem se ocupassem com o que beber, o que comer, com que se vestir, pois o Deus que cuida dos passarinhos e das flores cuida também de seus filhos. Quem não é capaz de "presentificar" a vida nunca será feliz, pois a felicidade estará sempre um pouquinho à frente, assim que..."
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